Há dias assim.... dias que são constantes, tão cheios de ternura, que tentam voar em misteriosos planaltos de asas cintilantes, e não é que conseguem!?
Basta ter alma de poeta, para imaginar mesmo que o mar, é um extenso celeiro de bens guardados e cheiros, por amor de quem são famintos.
Dias de mãos dadas passeando, por entre esquecidos jardins daquelas noites serenas, que regressam com as aves, sempre na Primavera.
Foram meus dias de luz, no livro que vive sentado no meu colo, e que não se aparta de mim. Mas hoje, estes meus dias são sonho, que guardo para sempre cá dentro, na dor das minhas canções.
Eu que canto solidão, e os meus dias são um refrão de vontade de naufragar.
Tantos dias esquecidos, na arte do meu pintar.... uma tela da minha vida que em tantas luas se repete!
E hoje assim mergulhada, no marasmo da hora, pois quem me busca a alma, não é por ela que chora…
Somente eu vejo além, outros dias serenos ..... onde embrulharei a tristeza no grande lenço da aurora!

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