MUSICA

MUSICA

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Sei imensamente nada
sobre o Universo
Mas sei
Que a Poesia
É o lado de lá
Onde se define a não definição
Do dentro das coisas....
E sei que o silêncio
É o caminho por onde se chega
Aonde se não está!...
Juntos - o silêncio e a poesia -
É que sabem saber o que seria....
Eles bem sabem ir por dentro dos murmúrios
Adivinhar o choro
Ou entender o namoro...
Dos lírios, das papoilas e dos antúrios.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

2 anos!...

Quero dizer-te uma coisa simples
e tão simplesmente te digo
que a tua ausência me dói!
Refiro-me a essa dor que não magoa,
que se limita à alma ...
mas que nem por isso deixa,
que fiquem alguns sinais...
um peso nos olhos, no lugar da tua imagem,
e um vazio nas mãos, como se as tuas mãos
lhes tivessem roubado o tacto.
São estas as formas do amor, podia dizer-te;
e acrescentar que as coisas simples
também podem ser complicadas,

quando nos damos conta da diferença
entre o sonho e a realidade.
Porém,é o sonho que me traz a tua memória;
e a realidade aproxima-me de ti,
agora que os dias correm mais depressa,
e as palavras ficam presas numa refracção de instantes,

quando a tua voz me chama de dentro de mim
e me faz responder-te simplesmente...
como a tua ausência me dói!...

2 anos!...


...vivo num anoitecer dos sentidos,
sobrevivo na ausência do teu ser!

terça-feira, 9 de junho de 2009

"O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê
O poema alguém o dirá
Às searas
Sua passagem se confundirá
Como rumor do mar com o passar do vento
O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento
No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas
(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)
Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas
E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo"

(Poema de Sophia de Mello Breyner Andresen)